Como investir no exterior: guia para iniciantes
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INVESTIMENTOS
Paulo Ferreira
4/15/20258 min ler


Como investir no exterior: guia para iniciantes
Diversificar seus investimentos além das fronteiras nacionais é uma estratégia que ganha cada vez mais adeptos entre os brasileiros. E não é para menos! Investir no exterior oferece oportunidades que podem complementar de forma significativa sua carteira de investimentos. Neste guia completo, vamos explorar como você, mesmo sendo iniciante, pode começar sua jornada de investimentos internacionais de forma segura e consciente.
Por que investir fora do Brasil?
Talvez você já tenha se perguntado: "Por que complicar? Não é mais fácil manter tudo no Brasil?". A resposta curta é: diversificação geográfica pode ser um diferencial importante para seu patrimônio. Mas vamos entender isso melhor.
Proteção contra riscos locais
O Brasil, como qualquer país, possui seus riscos específicos. Instabilidades políticas, mudanças súbitas na economia e oscilações na moeda nacional são exemplos de situações que podem afetar negativamente todos os investimentos concentrados aqui. Quando você investe em outros países, parte do seu patrimônio fica protegida dessas turbulências exclusivamente brasileiras.
Maria, analista de investimentos há 15 anos, compartilhou comigo: "Durante a crise política de 2016, clientes que tinham parte dos investimentos no exterior sentiram muito menos o impacto da desvalorização do real. Isso não é teoria, vi isso acontecer na prática."
Exposição a outras economias e setores
O mercado brasileiro, apesar de sua relevância, representa apenas uma fração da economia global. Investir externamente permite acesso a:
Empresas líderes globais: Muitas das maiores companhias do mundo não possuem ações na B3
Setores subrepresentados no Brasil: Tecnologia, biotecnologia, inteligência artificial, entre outros
Economias em diferentes estágios de desenvolvimento: mercados emergentes e desenvolvidos com ciclos econômicos distintos
Proteção cambial
Quando você investe em ativos denominados em outras moedas, como o dólar ou o euro, cria naturalmente uma proteção contra a desvalorização do real. Isso pode ser especialmente importante para quem tem planos futuros que envolvem gastos em moeda estrangeira, como viagens internacionais, estudos no exterior ou até mesmo a possibilidade de morar fora em algum momento.
Tipos de investimento no exterior
Existem diversas maneiras de investir internacionalmente, cada uma com características próprias que podem se adequar melhor ao seu perfil, objetivos e disponibilidade financeira.
Ações de empresas internacionais
Investir diretamente em ações de empresas estrangeiras, como Apple, Amazon, Microsoft ou Tesla, é uma das formas mais diretas de exposição a mercados internacionais. Para isso, você precisa:
Abrir conta em uma corretora que ofereça acesso a mercados internacionais
Enviar recursos para essa conta
Realizar as operações de compra e venda diretamente nas bolsas estrangeiras
"Meu primeiro investimento internacional foi em ações da Disney. Além do retorno financeiro, me sinto parte de uma empresa que admiro e consumo os produtos", conta Fábio, 32 anos, engenheiro que começou a investir no exterior há 3 anos.
ETFs (Exchange Traded Funds)
Os ETFs são fundos negociados em bolsa que podem representar índices, setores ou temas específicos. Eles oferecem uma forma simplificada de diversificação com menor capital.
Alguns ETFs populares entre investidores brasileiros iniciantes:
VOO ou SPY: Seguem o índice S&P 500, que reúne as 500 maiores empresas dos EUA
VT: Exposição ao mercado global de ações
QQQM: Foco em empresas de tecnologia do índice Nasdaq
VWO: Acesso a mercados emergentes excluindo o Brasil
"Os ETFs foram minha porta de entrada para investimentos globais. Com uma única aplicação, consegui exposição a centenas de empresas", explica Carolina, professora universitária que começou investindo o equivalente a R$500 por mês.
REITs (Real Estate Investment Trusts)
Os REITs são fundos de investimento imobiliário internacionais, similares aos FIIs brasileiros. Eles permitem que você invista no mercado imobiliário de outros países sem precisar comprar propriedades diretamente.
Setores comuns em REITs:
Data centers
Galpões logísticos
Imóveis residenciais para aluguel
Estabelecimentos comerciais
"Comecei com REITs porque já estava familiarizado com FIIs. A diferença é que pude acessar mercados imobiliários mais maduros e setores que não existem no Brasil", comenta Alexandre, 45 anos, médico que diversifica sua carteira há 5 anos.
BDRs (Brazilian Depositary Receipts)
Os BDRs são certificados que representam ações de empresas estrangeiras negociados na B3. A principal vantagem é a possibilidade de investir em empresas internacionais sem sair do Brasil, utilizando reais.
Pontos importantes sobre os BDRs:
São negociados em reais na B3
Você não precisa abrir conta em corretora internacional
A tributação segue regras de ações brasileiras (15% sobre o ganho de capital)
Existe exposição cambial, já que o valor do BDR acompanha tanto o preço da ação original quanto a variação do dólar
"Para quem quer começar sem complicação, os BDRs são uma excelente porta de entrada. Foi assim que iniciei meus investimentos internacionais", relata Beatriz, contadora que começou com aportes mensais de R$300 em BDRs.
Abrindo conta em corretoras internacionais
Para investir diretamente nos mercados estrangeiros, você precisará abrir conta em uma corretora internacional. O processo é mais simples do que muitos imaginam.
Principais corretoras utilizadas por brasileiros
Algumas opções populares incluem:
1. Avenue Securities
Focada no público brasileiro
Interface em português
Processo simplificado de abertura e envio de recursos
Taxas um pouco mais altas que concorrentes internacionais
2. Passfolio
Interface em português
Permite investimentos a partir de US$1
Opção de envio de dinheiro via PIX
3. TD Ameritrade/Charles Schwab
Uma das maiores corretoras dos EUA
Ampla gama de produtos de investimento
Interface e atendimento em inglês
4. Interactive Brokers
Acesso a diversos mercados globais além dos EUA
Estrutura robusta
Mais complexa para iniciantes
Documentação necessária
Para abrir sua conta, você precisará tipicamente de:
Passaporte ou documento de identidade com foto
Comprovante de residência recente
CPF
Informações básicas sobre sua situação financeira
Origem dos recursos a serem investidos
O processo é normalmente 100% digital e pode ser concluído em poucos dias.
"Achei que seria um bicho de sete cabeças, mas abri minha conta na Avenue em menos de uma semana, sem sair de casa", compartilha Rodrigo, 29 anos, analista de sistemas de Curitiba.
Verificação e tempo de aprovação
Após enviar os documentos, a corretora realizará um processo de verificação conhecido como KYC (Know Your Customer) para confirmar sua identidade. Esse processo costuma levar de 1 a 5 dias úteis, dependendo da corretora escolhida.
Como funciona o envio de recursos
Uma vez com a conta aberta, você precisará enviar dinheiro para começar a investir. Este é frequentemente o passo que mais gera dúvidas entre iniciantes.
Formas de envio
As principais maneiras de enviar dinheiro para corretoras internacionais são:
1. Transferência bancária internacional (wire transfer)
Processo tradicional via banco
Taxas mais elevadas (geralmente entre US$30 e US$90)
Prazo de 2 a 5 dias úteis
2. Serviços de câmbio específicos
Empresas como Remessa Online, Wise (antiga TransferWise) e B&T
Taxas geralmente mais competitivas
Integração direta com algumas corretoras
3. Sistemas integrados
Algumas corretoras como Avenue e Passfolio já possuem sistemas integrados de câmbio
Simplifícam o processo para o investidor brasileiro
Custos envolvidos na transferência
Os custos para enviar dinheiro ao exterior incluem:
Taxa de câmbio (spread)
Taxas fixas de transferência
IOF (1.1% em transferências)
"Na primeira vez que enviei dinheiro, fiquei assustado com as taxas. Depois, aprendi que concentrar os aportes em valores maiores e menos frequentes compensa mais", explica Paulo, economista que investe mensalmente no exterior.
Planejamento de aportes
Para otimizar custos, é recomendável:
Fazer aportes menos frequentes e com valores maiores
Comparar taxas entre diferentes serviços de câmbio antes de cada envio
Considerar o momento de envio, observando tendências cambiais (embora o timing perfeito seja impossível de prever)
Quais os riscos e cuidados importantes?
Como todo investimento, aplicar recursos no exterior também envolve riscos que precisam ser compreendidos.
Risco cambial
O valor de seus investimentos internacionais, quando convertidos para reais, flutua não apenas com o desempenho dos ativos, mas também com a variação da taxa de câmbio.
Isso pode:
Amplificar seus ganhos (quando o dólar se valoriza frente ao real)
Reduzir retornos (quando o real se fortalece)
"Aprendi na prática que o câmbio pode ser seu amigo ou inimigo. Em 2020, a valorização do dólar turbinou meus resultados, mas isso não acontece sempre", conta Marina, professora que investe no exterior há 6 anos.
Riscos tributários
A tributação de investimentos internacionais possui especificidades importantes:
Ganho de capital tributado em 15% na venda dos ativos
Necessidade de declaração de bens no exterior no Imposto de Renda
Obrigatoriedade da declaração de CBE (Capitais Brasileiros no Exterior) para valores acima de US$100 mil
Tributação de dividendos recebidos (normalmente há retenção na fonte e complementação no Brasil)
Risco de não entender o mercado local
Investir em mercados que você não conhece bem pode levar a decisões equivocadas:
Diferenças regulatórias
Particularidades setoriais
Contexto econômico e político local
"No início, investi em empresas apenas por serem famosas, sem entender o contexto em que operavam. Foi um erro que evito hoje, estudando mais a fundo cada mercado", revela Ricardo, arquiteto que diversifica seus investimentos há 4 anos.
Como mitigar esses riscos
Para reduzir os riscos mencionados:
Comece aos poucos, entendendo a dinâmica dos investimentos internacionais antes de comprometer valores significativos
Estude o suficiente sobre tributação ou conte com um contador especializado
Invista em ativos ou fundos diversificados quando não conhecer bem um mercado específico
Mantenha perspectiva de longo prazo, reduzindo o impacto das oscilações cambiais
Começando com pouco: passo a passo para iniciantes
Você não precisa ter uma fortuna para iniciar seus investimentos internacionais. Aqui está um guia prático para começar com valores acessíveis:
1. Estabeleça seus objetivos
Antes de iniciar, defina claramente:
Por que quer investir no exterior
Qual percentual do seu patrimônio pretende alocar internacionalmente
Seu horizonte de investimento
"Estabelecer objetivos claros me ajudou a não desistir nas primeiras oscilações. Sei exatamente por que estou investindo fora do Brasil", explica Juliana, designer gráfica que começou investindo R$300 mensais.
2. Estude antes de partir para a prática
Dedique tempo para:
Ler sobre os diferentes tipos de investimentos disponíveis
Entender a tributação básica
Conhecer as principais corretoras e seus custos
O Tesouro Direto ou Poupança: qual o melhor investimento? mostra como analisar diferentes opções antes de tomar decisões.
3. Comece pelo mais simples
Para iniciantes, algumas opções são mais adequadas:
BDRs na sua corretora brasileira
ETFs amplos que representam mercados inteiros (como VT, VOO)
Fundos de investimento internacionais disponíveis no Brasil
"Comecei com BDRs para me familiarizar com empresas internacionais, sem a complexidade de abrir conta fora. Depois, quando me senti segura, parti para investimentos diretos", relata Camila, enfermeira de 34 anos.
4. Monte sua estratégia de aportes
Considerando os custos de envio de recursos, planeje:
Frequência de aportes (mensal, trimestral, semestral)
Valor mínimo que compense as taxas
Melhor momento para realizar a conversão cambial
5. Acompanhe e ajuste quando necessário
Monitore periodicamente:
Desempenho dos investimentos
Proporção de ativos internacionais na sua carteira total
Necessidades de rebalanceamento
"A cada seis meses, reviso minha carteira internacional para ver se ainda está alinhada com meus objetivos. Já precisei ajustar algumas vezes, e isso é normal", compartilha Eduardo, professor universitário que investe no exterior há 3 anos.
6. Expanda gradualmente
À medida que ganha confiança e conhecimento:
Diversifique entre diferentes regiões e setores
Considere adicionar investimentos mais específicos
Aumente gradualmente a alocação internacional conforme seu perfil
Assim como explicamos em Começando a investir: quando e como crescer seu dinheiro após a Reserva 6x, o crescimento deve ser gradual e baseado em conhecimento.
Conclusão: seu passaporte para o mundo dos investimentos
Investir no exterior não é mais privilégio de poucos. Com as facilidades tecnológicas atuais e o acesso à informação, brasileiros com diferentes perfis e capacidades financeiras podem diversificar globalmente suas carteiras.
O caminho mais importante é começar com consistência, mesmo que com valores modestos, priorizando o aprendizado constante. Lembre-se que diversificação geográfica é uma estratégia de proteção e ampliação de oportunidades, não uma aposta específica em um mercado ou outro.
Ao seguir os passos apresentados neste guia, você estará mais preparado para iniciar essa jornada com segurança e responsabilidade. O mundo dos investimentos internacionais está ao seu alcance – basta dar o primeiro passo!
Este artigo tem caráter educativo e não constitui recomendação de investimentos. Antes de investir, consulte um profissional especializado para avaliar sua situação específica.