Tesouro Direto ou CDB? Como escolher o investimento ideal para seu perfil
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INVESTIMENTOS
Paulo Ferreira
5/7/20258 min ler


Tesouro Direto ou CDB? Como escolher o investimento ideal para seu perfil
Quando falamos em investimentos de renda fixa no Brasil, dois nomes sempre aparecem nas recomendações para iniciantes: o Tesouro Direto e os Certificados de Depósito Bancário (CDBs). Ambos são considerados seguros, acessíveis e relativamente simples de entender, mas qual deles é o ideal para você? Neste artigo, vamos comparar essas duas opções populares e ajudá-lo a tomar a melhor decisão conforme o seu perfil de investidor.
O que é o Tesouro Direto
O Tesouro Direto é um programa desenvolvido pelo Tesouro Nacional em parceria com a B3 (a bolsa de valores brasileira) que permite que pessoas físicas comprem títulos públicos federais pela internet. De forma simples, quando você investe no Tesouro Direto, está emprestando dinheiro para o governo brasileiro em troca de uma remuneração futura.
Criado em 2002, o programa democratizou o acesso aos títulos públicos, que antes eram acessíveis apenas para grandes investidores e instituições financeiras. Hoje, é possível começar a investir com valores a partir de R$ 30,00, o que torna o Tesouro Direto uma excelente porta de entrada para quem está começando a investir.
Tipos de títulos disponíveis
O Tesouro Direto oferece diferentes tipos de títulos, cada um com características específicas que podem atender a diferentes objetivos. Os principais são:
Tesouro Prefixado: Neste título, você sabe exatamente quanto vai receber no vencimento. A rentabilidade é definida no momento da compra e não muda, independentemente do que aconteça com a economia. É ideal para quem acredita que a taxa básica de juros (Selic) vai cair no futuro.
Tesouro Selic: A rentabilidade deste título acompanha a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia. Se a Selic sobe, o rendimento aumenta; se cai, o rendimento diminui. É considerado um dos títulos mais conservadores e com boa liquidez diária.
Tesouro IPCA+: Este título oferece uma taxa prefixada mais a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é o índice oficial de inflação do Brasil. É uma opção interessante para proteger o poder de compra do seu dinheiro em prazos mais longos.
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais: Similar ao Tesouro IPCA+, mas com pagamentos de juros a cada seis meses, funcionando como uma espécie de "renda passiva" para o investidor.
Como funciona o rendimento
O rendimento do Tesouro Direto varia conforme o tipo de título escolhido:
Nos títulos prefixados, o rendimento é conhecido no momento da compra e não se altera até o vencimento. Por exemplo, se você comprar um Tesouro Prefixado com taxa de 10% ao ano, receberá exatamente essa rentabilidade se mantiver o título até o vencimento.
Nos títulos Selic, o rendimento acompanha a taxa Selic, sendo atualizado diariamente. É como se seu dinheiro estivesse rendendo a mesma taxa que o Banco Central define para a economia.
Nos títulos IPCA+, o rendimento é composto por uma taxa fixa mais a variação da inflação. Por exemplo, um Tesouro IPCA+ 2028 com taxa de 5% ao ano significa que você receberá 5% ao ano mais a variação do IPCA até 2028.
É importante entender que, embora o rendimento seja garantido se você mantiver o título até o vencimento, o valor do título pode variar diariamente caso você decida vendê-lo antes. Isso ocorre devido à marcação a mercado, um processo pelo qual os títulos são precificados diariamente conforme as condições do mercado.
O que são os CDBs
Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) são títulos de renda fixa emitidos por bancos como forma de captar recursos. Quando você investe em um CDB, está emprestando dinheiro para o banco em troca de uma remuneração futura. O banco utiliza esse dinheiro para financiar suas operações, como a concessão de empréstimos.
Os CDBs são regulados pelo Banco Central e contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para investimentos de até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira. Isso significa que, mesmo que o banco venha a falir, seus investimentos estão protegidos até esse limite.
CDBs de liquidez diária x CDBs longos
Uma das principais características que diferencia os CDBs entre si é o prazo de vencimento e a liquidez. Podemos classificá-los em duas categorias principais:
CDBs de liquidez diária:
Permitem resgate a qualquer momento
Geralmente oferecem rentabilidade atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que tende a acompanhar a Selic
A rentabilidade costuma ser menor em comparação com CDBs mais longos
São ideais para reserva de emergência ou para quem não sabe quando precisará do dinheiro
CDBs longos:
Possuem prazos definidos, que podem variar de alguns meses a vários anos
Podem oferecer rentabilidade prefixada, pós-fixada (geralmente atrelada ao CDI) ou híbrida (atrelada à inflação mais uma taxa fixa)
A rentabilidade costuma ser maior quanto maior for o prazo
Alguns permitem resgate antecipado, geralmente com alguma penalidade na rentabilidade
São ideais para objetivos de médio e longo prazo
Os bancos oferecem diferentes taxas para seus CDBs, dependendo de fatores como o prazo, o valor investido e a necessidade de captação da instituição. É comum encontrar CDBs que pagam desde 90% até mais de 120% do CDI, especialmente em bancos digitais e instituições menores.
Comparativo entre Tesouro Direto e CDB
Para fazer a escolha entre Tesouro Direto e CDB, é importante comparar os principais aspectos de cada um:
Segurança:
Tesouro Direto: É considerado o investimento mais seguro do país, pois é garantido pelo governo federal.
CDB: Conta com a proteção do FGC até o limite de R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira.
Rentabilidade:
Tesouro Direto: Varia conforme o título escolhido. Geralmente, o Tesouro Selic oferece rentabilidade próxima a 100% da Selic.
CDB: A rentabilidade depende da instituição financeira e do prazo. CDBs de bancos menores tendem a oferecer taxas mais atrativas, muitas vezes superando a rentabilidade do Tesouro Selic.
Liquidez:
Tesouro Direto: Todos os títulos podem ser vendidos antes do vencimento, com liquidez em D+1 (um dia útil após a solicitação do resgate).
CDB: A liquidez varia conforme o produto. CDBs de liquidez diária permitem resgate a qualquer momento, enquanto outros podem exigir que se aguarde o vencimento.
Tributação:
Tesouro Direto: Incide Imposto de Renda regressivo conforme o prazo (22,5% para aplicações até 180 dias; 20% de 181 a 360 dias; 17,5% de 361 a 720 dias; e 15% para prazos superiores a 720 dias). Não há IOF.
CDB: Mesma tributação de IR regressivo do Tesouro, além de IOF regressivo para resgates em menos de 30 dias.
Custos:
Tesouro Direto: Taxa de custódia da B3 de 0,25% ao ano sobre o valor dos títulos (isenta para investimentos de até R$ 10 mil) e possível taxa da corretora.
CDB: Geralmente não há taxas explícitas, mas o rendimento já considera os custos embutidos.
Valor mínimo:
Tesouro Direto: A partir de R$ 30,00, dependendo do título.
CDB: Varia conforme a instituição, podendo começar em R$ 1,00 em alguns bancos digitais ou chegar a R$ 5.000,00 em bancos maiores.
Qual o melhor para cada perfil de investidor
A escolha entre Tesouro Direto e CDB deve considerar diversos fatores, incluindo seu perfil de investidor, objetivos financeiros e horizonte de tempo. Vamos analisar qual opção tende a ser mais adequada para diferentes perfis:
Para o investidor iniciante:
O Tesouro Selic pode ser uma excelente porta de entrada, por sua simplicidade, segurança e liquidez diária.
CDBs de liquidez diária de grandes bancos também são boas opções, principalmente se oferecerem 100% do CDI ou mais.
Para a reserva de emergência:
O Tesouro Selic é tradicionalmente recomendado por sua liquidez e segurança.
CDBs de liquidez diária que ofereçam pelo menos 100% do CDI também são alternativas válidas, especialmente se não cobrarem IOF nos resgates (após 30 dias).
Para objetivos de médio prazo (2-5 anos):
CDBs com prazos definidos podem oferecer rentabilidades superiores ao Tesouro Selic.
Tesouro Prefixado ou IPCA+ com vencimento próximo ao seu objetivo podem ser interessantes se as taxas estiverem atrativas.
Para objetivos de longo prazo (acima de 5 anos):
Tesouro IPCA+ pode ser uma excelente escolha para proteger o poder de compra do dinheiro contra a inflação.
CDBs atrelados à inflação (IPCA) também são alternativas interessantes, especialmente se oferecerem um adicional competitivo.
Para quem busca maior rentabilidade:
CDBs de bancos médios e pequenos costumam oferecer taxas mais atrativas que o Tesouro Direto.
No entanto, é importante verificar a solidez da instituição e respeitar o limite de cobertura do FGC.
Para quem prioriza segurança máxima:
O Tesouro Direto é considerado o investimento mais seguro disponível no Brasil.
Para quem deseja investir valores acima de R$ 250 mil, o Tesouro Direto oferece mais segurança que os CDBs, que têm proteção limitada pelo FGC.
Como começar a investir em cada um
Investir tanto no Tesouro Direto quanto em CDBs é relativamente simples e pode ser feito totalmente online. Veja o passo a passo:
Para investir no Tesouro Direto:
Abra uma conta em uma corretora ou banco: Escolha uma instituição que ofereça acesso ao Tesouro Direto, preferencialmente sem taxas.
Faça seu cadastro no Tesouro Direto: Isso geralmente é feito automaticamente quando você abre a conta na corretora.
Transfira recursos para sua conta: Envie o dinheiro que deseja investir para sua conta na corretora.
Escolha o título: Na plataforma da corretora, acesse a seção de Tesouro Direto e selecione o título que deseja comprar.
Confirme a operação: Verifique os detalhes da aplicação e confirme.
Para investir em CDBs:
Abra uma conta em um banco ou corretora: Escolha uma instituição que ofereça CDBs com boas taxas.
Transfira recursos para sua conta: Envie o dinheiro que deseja investir.
Busque por CDBs disponíveis: Na plataforma do banco ou corretora, acesse a seção de renda fixa ou CDBs.
Compare as opções: Verifique as taxas, prazos e condições de liquidez.
Faça a aplicação: Selecione o CDB desejado, informe o valor e confirme a operação.
Em ambos os casos, é fundamental ler os termos e condições antes de investir. Preste atenção aos prazos, à forma de remuneração e às condições para resgate antecipado.
Dicas práticas para sua decisão
Para facilitar sua decisão entre Tesouro Direto e CDB, considere estas dicas práticas:
Diversifique: Não é necessário escolher apenas uma opção. Você pode ter parte dos seus recursos no Tesouro Direto e parte em CDBs.
Compare rentabilidades líquidas: Ao comparar opções, considere a rentabilidade após impostos e taxas.
Pense no prazo: Para prazos muito longos, títulos que protegem contra a inflação (como o Tesouro IPCA+) tendem a ser mais vantajosos.
Considere a liquidez: Se precisar de acesso rápido ao dinheiro, priorize opções com boa liquidez, como o Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária.
Respeite o limite do FGC: Se optar por CDBs, não ultrapasse o limite de R$ 250 mil por instituição para garantir a proteção total do FGC.
Acompanhe as mudanças na Selic: O cenário de juros afeta diretamente a atratividade desses investimentos. Em períodos de queda da Selic, títulos prefixados com boas taxas podem ser interessantes.
Conclusão
Tanto o Tesouro Direto quanto os CDBs são excelentes opções de investimento para quem busca segurança e previsibilidade. A escolha entre eles dependerá de diversos fatores, como seu perfil de investidor, seus objetivos financeiros, o prazo que você pretende deixar o dinheiro aplicado e sua tolerância ao risco.
Lembre-se de que investir é um processo contínuo de aprendizado e adaptação. À medida que sua situação financeira evolui e que você ganha mais experiência, suas escolhas de investimento também podem mudar. O importante é começar, mesmo que com valores pequenos, e ir aprendendo ao longo do caminho.
Se você está começando agora, uma estratégia prudente pode ser alocar sua reserva de emergência em opções de alta liquidez, como o Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária, e então explorar outras opções para objetivos de médio e longo prazo. Independentemente da escolha, o mais importante é dar o primeiro passo no mundo dos investimentos.
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