Quanto custa ter um carro de verdade? (e alternativas mais baratas)
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PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Paulo Ferreira
4/26/202510 min ler


Quanto custa ter um carro de verdade? (e alternativas mais baratas)
Quem nunca sonhou em ter o próprio carro, não é mesmo? Poder ir e vir quando quiser, sem depender de horários de ônibus ou do preço da corrida do aplicativo que disparou justo no dia de chuva. Mas, entre o sonho e a realidade, existe uma pergunta fundamental que muita gente evita fazer: quanto custa ter um carro de verdade?
Se você acha que o maior gasto é apenas a parcela do financiamento, sinto informar que está enganado. Ter um carro vai muito além do valor da compra, e muita gente só descobre isso quando já está com as chaves na mão – e as contas no vermelho.
Neste artigo completo da NoobMoney, vamos desvendar todos os custos reais de ser proprietário de um veículo e apresentar alternativas que podem ser muito mais amigáveis ao seu bolso. Prepare-se para descobrir se aquele sonho de consumo vale mesmo a pena para o seu momento financeiro atual.
O custo inicial: muito além do preço de tabela
Quando você olha o preço de um carro na concessionária ou no site, aquele valor é apenas o começo da história. Se você acha que vai pagar exatamente o que está na etiqueta, prepare-se para algumas surpresas.
Documentação e emplacamento
Logo de cara, você terá que desembolsar valores significativos com:
Emplacamento: Entre R$ 250 e R$ 400, dependendo do estado
IPVA proporcional: Se for carro zero, você paga proporcional aos meses restantes do ano
Despachante (opcional, mas muita gente usa): R$ 300 a R$ 600
Transferência (se for usado): R$ 150 a R$ 300
Acessórios e personalizações
Concessionárias são mestres em vender "pacotes essenciais" que, surpresa, não estão incluídos no preço anunciado:
Película de proteção solar: R$ 350 a R$ 800
Alarme e travas elétricas (quando não vêm de série): R$ 500 a R$ 1.500
Protetor de carter: R$ 250 a R$ 400
Tapetes e capas de bancos: R$ 200 a R$ 700
Sistema multimídia (se não vier de fábrica): R$ 1.000 a R$ 3.500
O custo financeiro
Se você não tem o valor total para comprar à vista (como a maioria dos brasileiros), prepare-se para o impacto dos juros:
Financiamento bancário: Juros médios de 1,8% a 2,5% ao mês
Financiamento pela concessionária: Geralmente entre 1,5% e 2,3% ao mês
Consórcio: Taxa administrativa de 12% a 20% sobre o valor total
Para ilustrar, um carro de R$ 60.000 financiado em 48 meses a 1,9% ao mês pode custar cerca de R$ 83.000 no total. Isso significa pagar R$ 23.000 só de juros!
Exemplo real: Um Onix 1.0 de R$ 65.000 financiado em 60 meses pode ter um custo final superior a R$ 95.000, dependendo da entrada e das taxas praticadas. Em outras palavras, você poderia comprar quase 1,5 carro se tivesse o dinheiro à vista!
Seguro: não dá para fugir
Dirigir sem seguro é um risco financeiro enorme. E esse custo inicial também pesa no bolso:
Carros populares: R$ 1.800 a R$ 3.500 por ano
SUVs e sedãs médios: R$ 3.000 a R$ 6.000 por ano
Veículos de luxo: A partir de R$ 7.000 por ano
O valor do seguro varia conforme seu perfil, local onde mora, idade e histórico como motorista. Um jovem de 20 anos morando em uma capital pode pagar até o dobro do que um motorista de 45 anos na mesma cidade.
Despesas obrigatórias anuais
Agora que você já comprou o carro, todo início de ano chegam aquelas despesas que não tem como escapar. São as obrigações recorrentes de todo proprietário:
IPVA: o imposto inevitável
O Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores varia de estado para estado, mas é sempre calculado sobre o valor do veículo:
Alíquotas: Entre 1,5% a 4% do valor na tabela FIPE
Variações regionais: São Paulo cobra 4% para carros comuns, Paraná 3,5% e Minas Gerais 4%
Para um carro de R$ 60.000, o IPVA pode variar de R$ 900 a R$ 2.400 por ano, dependendo do seu estado.
Licenciamento anual
Todo veículo precisa ser licenciado anualmente:
Valor médio nacional: R$ 98 a R$ 180, dependendo do estado
Multa por atraso: Pode chegar a 10% do valor do licenciamento por mês de atraso
Seguro DPVAT (quando aplicável)
Embora tenha sido suspenso em alguns períodos recentes, o seguro DPVAT (quando cobrado) é obrigatório:
Valor médio: R$ 50 a R$ 70 para carros de passeio
Vistoria obrigatória
Em alguns estados e municípios, a vistoria anual é obrigatória:
Custo médio: R$ 100 a R$ 150
Periodicidade: Normalmente anual, mas varia conforme legislação local e idade do veículo
Gastos mensais previsíveis
Aqui é onde o sonho do carro próprio começa a mostrar sua verdadeira face para o orçamento familiar. São gastos que você terá todo mês, sem exceção:
Combustível: o vilão constante
O quanto você gasta com combustível depende de vários fatores:
Eficiência do veículo: Um carro compacto faz cerca de 12-14 km/l na cidade, enquanto SUVs podem fazer apenas 7-9 km/l
Distância percorrida: Trabalhador médio percorre cerca de 44 km diários (ida e volta ao trabalho)
Preço do combustível: Varia constantemente (e raramente para baixo)
Para um motorista que roda 1.000 km/mês em um carro que faz 10 km/l, com gasolina a R$ 5,80, o gasto mensal seria de aproximadamente R$ 580 só em combustível.
Estacionamento: surpreendentemente caro
Se você trabalha ou estuda em área comercial ou central, prepare o bolso:
Diária em shopping: R$ 15 a R$ 30 (cerca de R$ 300 a R$ 600 por mês)
Mensalidade em estacionamentos: R$ 350 a R$ 800, dependendo da localização
Zona Azul/rotativo municipal: R$ 5 a R$ 10 por período de 2 horas (pode acumular R$ 200 a R$ 400/mês)
Um trabalhador que precisa estacionar diariamente no centro pode gastar facilmente R$ 400 a R$ 500 mensais só para deixar o carro parado durante o expediente.
Lavagem e limpeza
A menos que você lave seu carro em casa (o que também tem custos de água e produtos):
Lavagem simples: R$ 30 a R$ 50 (quinzenal = R$ 60 a R$ 100/mês)
Lavagem completa com enceramento: R$ 120 a R$ 200 (mensal)
Higienização interna: R$ 150 a R$ 300 (recomendada a cada 3-6 meses)
Pedágios
Para quem faz trajetos intermunicipais com frequência:
Custo médio por praça: R$ 5 a R$ 15
Tags automáticas: Algumas oferecem descontos, mas representam gasto fixo
Caso real: Um morador de Alphaville que trabalha no centro de São Paulo pode gastar mais de R$ 600 mensais só em pedágios.
Os imprevistos que ninguém conta
Ah, os imprevistos! Aqui está o que os vendedores de carros nunca mencionam e o que pode desestabilizar completamente seu orçamento:
Manutenção preventiva
Não é questão de se, mas de quando você vai gastar com manutenção:
Troca de óleo e filtros: R$ 300 a R$ 600 a cada 10.000 km (ou 6 meses)
Pastilhas de freio: R$ 300 a R$ 800 a cada 20.000 km
Pneus: Set completo de R$ 1.600 a R$ 3.500 a cada 40.000-50.000 km
Correia dentada: R$ 600 a R$ 1.500 a cada 60.000 km (varia por modelo)
Bateria: R$ 350 a R$ 700 a cada 2-3 anos
Alinhamento e balanceamento: R$ 150 a R$ 300 a cada 10.000 km
Se dividirmos esses custos mensalmente para um carro rodando 15.000 km/ano, temos aproximadamente R$ 350 a R$ 500 por mês em manutenção preventiva.
Manutenção corretiva
Os temidos imprevistos que sempre aparecem na hora mais inconveniente:
Problemas elétricos: R$ 300 a R$ 1.500
Bomba d'água: R$ 700 a R$ 1.500
Bomba de combustível: R$ 700 a R$ 2.000
Embreagem: R$ 1.200 a R$ 3.000
Caixa de câmbio: R$ 3.000 a R$ 8.000
Motor: R$ 4.000 a R$ 15.000 (em casos extremos)
A idade do veículo é determinante aqui. Carros com mais de 5 anos tendem a ter um aumento exponencial nesses custos.
Multas e infrações
Mesmo motoristas cuidadosos podem receber multas eventualmente:
Excesso de velocidade leve: R$ 130,16
Estacionamento irregular: R$ 195,23
Avanço de sinal vermelho: R$ 293,47
Usar celular dirigindo: R$ 293,47 + 7 pontos na CNH
Pequenos danos
Os "arranhõezinhos" que parecem simples, mas custam caro para consertar:
Riscos na pintura: R$ 300 a R$ 800 para repintura de um painel
Lanternas e faróis: R$ 500 a R$ 3.000 (faróis modernos são extremamente caros)
Retrovisor quebrado: R$ 400 a R$ 1.200 (pior ainda se for elétrico)
Parabrisa trincado: R$ 800 a R$ 2.500
Desvalorização: o custo invisível
Este é provavelmente o custo mais subestimado de todos, simplesmente porque você não "sente" ele no dia a dia, mas ele é muito real:
A matemática cruel da desvalorização
Primeiro ano: Um carro novo perde entre 15% a 20% do valor assim que sai da concessionária
Anos seguintes: Cerca de 10% a 15% ao ano até o quinto ano
Longo prazo: Estabiliza em 5% a 8% anuais após o quinto ano
Para um carro zero de R$ 70.000:
Ao final do primeiro ano: Vale aproximadamente R$ 56.000 a R$ 59.500
Após 3 anos: Vale em torno de R$ 42.000 a R$ 48.000
Após 5 anos: Aproximadamente R$ 32.000 a R$ 38.000
Isso significa que, em 5 anos, você "perdeu" entre R$ 32.000 e R$ 38.000 apenas em desvalorização – uma média de R$ 530 a R$ 630 por mês.
Fatores que aceleram a desvalorização
Quilometragem alta: Acima de 20.000 km/ano
Manutenção negligenciada: Histórico incompleto
Batidas ou reparos mal feitos: Mesmo pequenos acidentes
Cores muito específicas ou personalizadas: Amarelo, roxo, verde
Final de linha ou modelos descontinuados: Perdem valor rapidamente
O verdadeiro custo por quilômetro
Vamos juntar todos esses números e descobrir quanto realmente custa cada quilômetro rodado. Para um carro médio que roda 15.000 km por ano:
Custos fixos anuais
Desvalorização: R$ 7.000
IPVA/Licenciamento: R$ 1.800
Seguro: R$ 2.500
Total: R$ 11.300
Custos variáveis por km
Combustível: R$ 0,58/km
Manutenção preventiva: R$ 0,30/km
Manutenção corretiva (média): R$ 0,15/km
Pneus e itens de desgaste: R$ 0,10/km
Total: R$ 1,13/km
Custos totais por km
Custos fixos: R$ 11.300 ÷ 15.000 km = R$ 0,75/km
Custos variáveis: R$ 1,13/km
Custo total por km: R$ 1,88
Isso significa que, para uma viagem de 100 km, o custo real não é apenas o combustível (R$ 58), mas sim aproximadamente R$ 188. Impressionante, não?
Alternativas mais econômicas ao carro próprio
Agora que você já sabe o verdadeiro custo de ter um carro, vamos explorar alternativas que podem ser muito mais vantajosas financeiramente:
1. Aplicativos de transporte
Custo médio: R$ 2,00 a R$ 3,50 por km (varia conforme cidade e horário)
Vantagens: Sem custos fixos; sem preocupação com estacionamento; pode trabalhar/descansar durante o trajeto
Desvantagens: Sujeito a tarifas dinâmicas; disponibilidade pode variar
Quando vale a pena: Se você roda menos de 30 km por dia e não precisa se deslocar diariamente.
2. Carros por assinatura
Um modelo cada vez mais popular que inclui praticamente todas as despesas em uma mensalidade fixa:
Custo mensal: R$ 1.500 a R$ 3.500 (dependendo do modelo)
O que inclui: IPVA, seguro, manutenções, assistência 24h
Vantagens: Previsibilidade orçamentária; sem entrada alta; carro sempre novo
Desvantagens: Não forma patrimônio; limitações de quilometragem
Quando vale a pena: Para quem quer carro novo sem dor de cabeça e prefere previsibilidade de gastos.
3. Carsharing e aluguel por hora
Sistemas onde você aluga um carro apenas quando precisa:
Custo: R$ 15 a R$ 25 por hora + R$ 0,70 a R$ 1,00 por km
Vantagens: Paga só quando usa; sem custos fixos; carros bem localizados
Desvantagens: Disponibilidade limitada; necessita planejamento
Quando vale a pena: Para uso eventual e trajetos curtos, especialmente em grandes centros urbanos.
4. Transporte público + bicicleta/patinete
Uma combinação que tem se mostrado cada vez mais eficiente:
Custo mensal: R$ 220 a R$ 400 (passe mensal + ocasional aluguel de bicicleta/patinete)
Vantagens: Economia significativa; benefícios à saúde; menor impacto ambiental
Desvantagens: Dependência de infraestrutura urbana; limitações climáticas
Quando vale a pena: Para quem vive em cidades com boa mobilidade urbana e trajetos diários inferiores a 10 km.
5. Motocicleta
Uma alternativa que reduz drasticamente alguns custos, mas aumenta outros:
Economia em combustível: 50% a 70% menor que carros
Manutenção: 30% a 50% mais barata
Seguro: Pode ser mais caro proporcionalmente ao valor do veículo
Custo por km: R$ 0,70 a R$ 1,00 (cerca de 40% a 50% do custo de um carro)
Quando vale a pena: Para quem prioriza economia e agilidade, aceitando menor conforto e maior exposição.
Quando vale a pena ter um carro?
Depois de todos esses números, você deve estar se perguntando se algum dia vale a pena ter um carro próprio. A resposta é: depende da sua situação específica.
Situações onde ter carro próprio faz sentido financeiro:
Moradores de áreas rurais ou mal servidas por transporte: Quando não há alternativa viável
Famílias com crianças pequenas: A praticidade e segurança podem compensar o custo
Profissionais que usam intensivamente o veículo: Representantes comerciais, consultores
Pessoas que rodam muito: Acima de 25.000 km/ano pode tornar o custo por km mais diluído
Quando o tempo é mais valioso que o dinheiro: Para profissionais cuja hora de trabalho vale mais que o custo adicional
O que considerar na decisão:
Seu orçamento total: O carro não deve comprometer mais que 15-20% da sua renda
Seu perfil de uso: Frequência, distância, finalidade
Infraestrutura local: Disponibilidade de alternativas
Valor do seu tempo: Quanto vale cada hora economizada
Aspectos não financeiros: Conforto, privacidade, liberdade
Conclusão: decisão consciente é tudo
Ter um carro pode ser uma necessidade ou um luxo, dependendo da sua realidade. O importante é fazer essa escolha com plena consciência dos custos reais envolvidos.
Um veículo médio, como vimos, pode custar facilmente R$ 1.800 a R$ 2.500 por mês, considerando todos os gastos – muito além do que a maioria das pessoas estima inicialmente.
Antes de assinar o contrato de financiamento, faça as contas completas e considere todas as alternativas. Muitas vezes, combinar diferentes meios de transporte ou optar por soluções como carros por assinatura pode resultar em uma economia significativa sem grandes sacrifícios de conforto ou praticidade.
Lembre-se: o verdadeiro luxo não é ter um carro, mas sim ter saúde financeira e liberdade para escolher as melhores opções para você e sua família.
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