O que é um ETF e por que esse investimento é ideal para quem está começando

Entenda o que é um ETF, como ele funciona, seus benefícios e por que é uma das formas mais seguras de começar na renda variável. Aprenda mais com a NoobMoney.

INVESTIMENTOS

Paulo Ferreira

5/7/202510 min ler

O que é um ETF e por que esse investimento é ideal para quem está começando

Quando se trata de iniciar no mundo dos investimentos, especialmente na renda variável, a quantidade de informações e opções disponíveis pode ser esmagadora. Entre tantas siglas e terminologias, uma tem se destacado como excelente porta de entrada para iniciantes: ETF. Neste artigo, vamos desmistificar o que são os ETFs, como funcionam e por que eles podem ser a melhor escolha para quem está dando os primeiros passos na bolsa de valores.

O que significa ETF

ETF é a sigla para "Exchange Traded Fund", que em tradução livre significa "Fundo Negociado em Bolsa". Como o próprio nome sugere, trata-se de um tipo de fundo de investimento que, diferentemente dos fundos tradicionais, é negociado diretamente na bolsa de valores como se fosse uma ação.

Esses fundos surgiram nos Estados Unidos na década de 1990 e chegaram ao Brasil em 2004, com o lançamento do primeiro ETF brasileiro, o PIBB11, que posteriormente foi substituído pelo PIBB11B. Desde então, o mercado brasileiro de ETFs cresceu significativamente, oferecendo hoje dezenas de opções que cobrem diferentes índices, setores e estratégias.

No Brasil, os ETFs são identificados por códigos de negociação que terminam com o número 11 (por exemplo, BOVA11, IVVB11, SMAL11), o que facilita sua identificação na lista de ativos disponíveis para negociação.

ETFs vs. Fundos tradicionais

Para entender melhor o que são os ETFs, é útil compará-los com os fundos de investimento tradicionais:

Característica ETF Fundo Tradicional Negociação Diretamente na bolsa, como ações Através da administradora ou distribuidores Liquidez Imediata durante o horário de pregão Geralmente D+1 a D+30, conforme regulamento Aporte mínimo Preço de uma cota (pode ser fracionado) Definido pelo administrador (geralmente R$100-R$5.000) Taxa de administração Geralmente baixa (0,2% a 0,7% a.a.) Geralmente mais alta (1% a 3% a.a.) Transparência Alta (composição visível diariamente) Média (composição divulgada mensalmente) Gestão Passiva (segue um índice) Pode ser passiva ou ativa Tributação IR sobre ganho de capital (15%) IR regressivo conforme prazo de aplicação

Como podemos ver, os ETFs combinam características de ações (forma de negociação, liquidez) com características de fundos (diversificação, gestão profissional), criando um veículo de investimento único e flexível.

Como funciona esse tipo de fundo

Os ETFs funcionam de maneira relativamente simples: eles são criados para replicar o desempenho de um determinado índice de mercado ou cesta de ativos. Isso significa que, ao investir em um ETF, você está essencialmente comprando uma pequena parte de cada ativo que compõe aquele índice, na mesma proporção.

Gestão passiva

A maioria dos ETFs utiliza uma estratégia de gestão passiva, o que significa que eles não tentam "bater o mercado" ou selecionar ativos que podem ter desempenho superior. Em vez disso, buscam simplesmente replicar o desempenho do índice que servem como referência, com o mínimo de desvio possível.

Essa abordagem passiva resulta em taxas de administração significativamente menores que fundos ativos tradicionais, o que é uma grande vantagem para o investidor no longo prazo.

Criação e resgate de cotas

Um aspecto interessante dos ETFs é o mecanismo de criação e resgate de cotas, que ajuda a manter o preço do ETF alinhado ao valor dos ativos subjacentes:

  1. Quando a demanda por um ETF aumenta e seu preço sobe acima do valor dos ativos que o compõem, participantes especiais do mercado podem criar novas cotas entregando os ativos subjacentes ao gestor do fundo.

  2. Quando o preço do ETF cai abaixo do valor dos ativos subjacentes, esses mesmos participantes podem resgatar cotas do ETF em troca dos ativos que o compõe.

Esse mecanismo de arbitragem garante que o preço do ETF não se afaste significativamente do valor justo da cesta de ativos que ele representa, proporcionando maior segurança aos investidores.

Tipos de ETFs disponíveis no Brasil

No mercado brasileiro, existem diversos tipos de ETFs, cada um com características específicas:

  1. ETFs de índices amplos: Replicam os principais índices do mercado, como o Ibovespa (BOVA11) ou o S&P 500 (IVVB11).

  2. ETFs setoriais: Focam em setores específicos da economia, como financeiro (FIND11), consumo (CSMO11) ou energia (ENGY11).

  3. ETFs de fatores: Baseados em estratégias específicas como valor (BOVV11), dividendos (DIVO11) ou baixa volatilidade (BOVS11).

  4. ETFs internacionais: Permitem acesso a mercados estrangeiros, como EUA (IVVB11), Europa (EURP11) ou mercados emergentes (EMMT11).

  5. ETFs de renda fixa: Ainda raros no Brasil, replicam índices de títulos públicos ou privados.

Vantagens para iniciantes

Agora que entendemos o que são e como funcionam os ETFs, vamos explorar por que eles são considerados ideais para investidores iniciantes:

1. Diversificação instantânea

Uma das regras de ouro dos investimentos é "não colocar todos os ovos na mesma cesta". A diversificação é crucial para reduzir riscos, mas construir uma carteira diversificada comprando ações individuais pode ser complicado e exigir um capital considerável.

Com os ETFs, mesmo com pequenos valores, você consegue diversificação instantânea. Por exemplo, ao comprar uma cota do BOVA11, você está investindo nas aproximadamente 80 empresas que compõem o Ibovespa, na mesma proporção do índice.

Para iniciantes com pouco capital, essa é uma vantagem inestimável, pois reduz o "risco específico" (associado a empresas individuais) e permite exposição ampla ao mercado.

2. Simplicidade operacional

Investir em ETFs é extremamente simples do ponto de vista operacional:

  • Basta abrir uma conta em uma corretora

  • Transferir os recursos

  • Comprar as cotas do ETF escolhido, como se fosse uma ação

Você não precisa se preocupar em escolher entre dezenas ou centenas de empresas, analisar balanços complexos ou tomar decisões difíceis sobre quais ações comprar ou vender. O ETF faz toda essa gestão para você.

3. Custo-benefício atrativo

ETFs geralmente apresentam taxas de administração significativamente menores que fundos tradicionais. Enquanto muitos fundos de ações cobram de 1% a 3% ao ano, os ETFs brasileiros costumam ter taxas entre 0,2% e 0,7% ao ano.

Essa diferença pode parecer pequena, mas no longo prazo o impacto nos retornos é substancial. Por exemplo, uma diferença de 2% ao ano em taxas, ao longo de 20 anos, pode representar mais de 30% do patrimônio final acumulado.

4. Transparência

Ao investir em ETFs, você sempre sabe exatamente o que está comprando. A composição da carteira é pública e atualizada diariamente, permitindo total transparência sobre onde seu dinheiro está sendo alocado.

Além disso, como são negociados em bolsa, os preços dos ETFs são determinados pelo mercado em tempo real, com total visibilidade para o investidor.

5. Liquidez e flexibilidade

ETFs oferecem liquidez semelhante à das ações, permitindo compra e venda durante todo o horário de pregão. Isso significa que você pode resgatar seu investimento quase instantaneamente caso precise dos recursos, sem penalidades ou períodos de carência.

Além disso, em muitas corretoras é possível comprar frações de ETFs, começando com valores muito pequenos, o que é ideal para quem está iniciando.

6. Possibilidade de estratégias simples

Para iniciantes, uma estratégia eficaz e de baixa manutenção é o aporte regular em ETFs. Conhecido como "dollar-cost averaging" (ou custo médio em dólar), essa estratégia consiste em investir uma quantia fixa periodicamente, independentemente do preço do ETF.

Essa abordagem reduz o impacto da volatilidade e elimina a necessidade de "adivinhar" o melhor momento para investir, sendo particularmente adequada para quem está começando e ainda não se sente confortável analisando o mercado.

Comparação com ações e fundos tradicionais

Para entender melhor o posicionamento dos ETFs como opção para iniciantes, vamos compará-los com as alternativas mais comuns:

ETFs vs. Ações individuais

Vantagens dos ETFs:

  • Diversificação automática (menor risco específico)

  • Não exige análise de empresas individuais

  • Menos decisões para tomar (compra/venda)

  • Menor impacto emocional durante volatilidade

Vantagens das ações:

  • Potencial de superar índices selecionando boas empresas

  • Flexibilidade para ajustar exposição setorial

  • Possibilidade de focar em dividendos ou crescimento

  • Não incide taxa de administração

ETFs vs. Fundos tradicionais

Vantagens dos ETFs:

  • Menores taxas de administração

  • Liquidez imediata (negociação em bolsa)

  • Maior transparência na composição

  • Sem valores mínimos de aplicação significativos

Vantagens dos fundos tradicionais:

  • Maior variedade de estratégias disponíveis

  • Possibilidade de gestão ativa

  • Potencial para superar índices com bons gestores

  • Em alguns casos, melhor tratamento tributário

Como podemos ver, os ETFs ocupam uma posição intermediária entre a complexidade das ações individuais e os custos mais elevados dos fundos tradicionais, oferecendo um equilíbrio ideal para iniciantes.

Como investir em ETFs na prática

Agora que você conhece as vantagens dos ETFs, vamos aos passos práticos para começar a investir:

1. Escolha uma corretora

O primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora de valores. Hoje existem diversas opções no mercado brasileiro, muitas delas com taxa zero para operações em bolsa. Ao escolher sua corretora, considere:

  • Custos operacionais (corretagem, custódia)

  • Qualidade da plataforma

  • Atendimento ao cliente

  • Material educativo disponível

  • Segurança e reputação

2. Selecione seus ETFs

Com sua conta aberta, é hora de escolher em quais ETFs investir. Para iniciantes, recomenda-se começar com ETFs amplos e diversificados. Algumas opções populares incluem:

  • BOVA11: Replica o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira

  • IVVB11: Replica o S&P 500, principal índice americano

  • SMAL11: Foco em empresas menores (small caps) brasileiras

  • BOVV11: Estratégia de valor no mercado brasileiro

  • DIVO11: Foco em empresas pagadoras de dividendos

Uma estratégia bem básica e eficiente para começar é alocar recursos no BOVA11 (mercado brasileiro) e IVVB11 (mercado americano), criando instantaneamente uma carteira globalmente diversificada.

3. Defina sua estratégia de aporte

Estabeleça um plano regular de investimentos. Para a maioria dos iniciantes, o ideal é adotar uma estratégia de aportes mensais, aproveitando os benefícios do preço médio:

  • Escolha um valor fixo mensal que caiba no seu orçamento

  • Defina uma data específica para fazer os aportes (ex: todo dia 10)

  • Faça os aportes independentemente do preço do ETF estar alto ou baixo

  • Mantenha a disciplina e consistência no longo prazo

4. Acompanhamento adequado

Uma das grandes vantagens dos ETFs é que eles não exigem monitoramento constante. No entanto, é importante fazer um acompanhamento periódico:

  • Revise sua carteira trimestralmente ou semestralmente

  • Verifique se a alocação entre diferentes ETFs ainda está alinhada à sua estratégia

  • Fique atento a mudanças significativas nos índices que os ETFs replicam

  • Considere rebalancear anualmente se a proporção entre os ETFs se desviar significativamente do planejado

5. Mantenha-se educado

Mesmo investindo em ETFs, que são relativamente simples, é importante continuar aprendendo sobre o mercado financeiro. Com o tempo e mais conhecimento, você poderá:

  • Refinar sua estratégia

  • Adicionar ETFs mais específicos de acordo com sua visão de mercado

  • Eventualmente complementar sua carteira com ações individuais

  • Entender melhor os fatores macroeconômicos que afetam seus investimentos

ETFs populares no Brasil e suas características

Vamos conhecer alguns dos principais ETFs disponíveis no mercado brasileiro e suas características:

BOVA11 - ETF Ibovespa

  • Índice replicado: Ibovespa

  • Gestor: BlackRock

  • Taxa de administração: 0,20% a.a.

  • Características: É o ETF mais líquido e popular do Brasil. Dá exposição às aproximadamente 80 maiores empresas da B3, com maior peso para commodities, bancos e consumo.

  • Ideal para: Exposição ampla ao mercado brasileiro

IVVB11 - ETF S&P 500

  • Índice replicado: S&P 500 (EUA)

  • Gestor: BlackRock

  • Taxa de administração: 0,23% a.a.

  • Características: Oferece exposição às 500 maiores empresas dos EUA. É um BDR de ETF, ou seja, replica um ETF negociado nos EUA (o IVV).

  • Ideal para: Diversificação internacional com foco em EUA

SMAL11 - ETF Small Caps

  • Índice replicado: SMLL (Small Caps)

  • Gestor: Itaú

  • Taxa de administração: 0,69% a.a.

  • Características: Foco em empresas de menor capitalização, geralmente com maior potencial de crescimento e também maior volatilidade.

  • Ideal para: Complemento à exposição em grandes empresas

DIVO11 - ETF Dividendos

  • Índice replicado: IDIV (Índice Dividendos)

  • Gestor: Itaú

  • Taxa de administração: 0,70% a.a.

  • Características: Composto por ações de empresas com bom histórico de pagamento de dividendos.

  • Ideal para: Investidores focados em renda

SPXI11 - ETF S&P 500 em dólar

  • Índice replicado: S&P 500 (EUA)

  • Gestor: Invesco

  • Taxa de administração: 0,55% a.a.

  • Características: Similar ao IVVB11, mas mantém exposição ao dólar (não faz hedge cambial).

  • Ideal para: Diversificação internacional + proteção cambial

Aspectos a considerar antes de investir

Embora os ETFs sejam excelentes para iniciantes, existem alguns aspectos importantes a considerar:

Tributação

ETFs seguem a mesma tributação das ações:

  • Imposto de Renda de 15% sobre o ganho de capital, recolhido apenas no momento da venda com lucro

  • Isenção para vendas mensais até R$ 20.000

  • Não há come-cotas (imposto antecipado) como em fundos tradicionais

Além disso, ETFs que distribuem rendimentos (como dividendos) geralmente têm a mesma isenção fiscal de IR que ações diretas para pessoa física.

Custos totais

Ao avaliar um ETF, considere todos os custos envolvidos:

  • Taxa de administração do ETF

  • Eventuais taxas de corretagem

  • Spread de compra e venda (diferença entre preço de compra e venda)

  • Taxa de custódia da corretora

A soma desses custos impacta seu retorno final, especialmente no longo prazo.

Tracking error

"Tracking error" é a diferença entre o desempenho do ETF e o desempenho do índice que ele deveria replicar. Idealmente, essa diferença deve ser mínima.

ETFs com tracking error elevado podem não entregar a exposição ao mercado que você busca. Esse desvio geralmente é causado por custos operacionais, metodologia de replicação ou baixa liquidez dos ativos subjacentes.

Liquidez do ETF

Nem todos os ETFs têm o mesmo volume de negociação. ETFs menos líquidos podem apresentar spreads maiores entre preços de compra e venda, o que pode aumentar seu custo para entrar e sair da posição.

Para iniciantes, é recomendável começar pelos ETFs mais líquidos, como BOVA11 e IVVB11.

Erros comuns ao investir em ETFs

Para finalizar, vamos comentar alguns erros comuns que investidores cometem ao utilizar ETFs e como evitá-los:

1. Fazer trading com ETFs

ETFs são ideais para estratégias de longo prazo (buy and hold), não para trading de curto prazo. Tentar acertar "entradas" e "saídas" frequentes geralmente resulta em retornos menores devido a custos operacionais e decisões emocionais.

2. Ignorar a composição do índice

Mesmo sendo um investimento simplificado, é importante entender o que compõe o ETF que você está comprando. Por exemplo, o Ibovespa (e consequentemente o BOVA11) tem grande concentração em commodities e bancos, o que pode não ser ideal para todos os perfis de investidor.

3. Comprar ETFs de nichos muito específicos

ETFs setoriais ou temáticos muito específicos podem ser interessantes para investidores experientes, mas iniciantes devem focar em ETFs amplos e diversificados.

4. Negligenciar a diversificação geográfica

Investir apenas em ETFs do mercado brasileiro limita sua diversificação. Considere complementar com ETFs internacionais para reduzir o risco-país.

5. Não considerar seu perfil de risco

Nem todos os ETFs têm o mesmo nível de risco. Alguns ETFs de setores específicos ou de estratégias alavancadas podem apresentar volatilidade muito maior que ETFs amplos de mercado.

Conclusão

Os ETFs representam uma revolução no acesso ao mercado de capitais, democratizando a possibilidade de investir de forma diversificada e com baixo custo. Para iniciantes, eles oferecem o equilíbrio perfeito entre simplicidade operacional e eficiência de investimento.

Começar com uma estratégia baseada em ETFs permite que você construa uma base sólida para sua jornada como investidor, enquanto adquire conhecimento e experiência para, eventualmente, explorar estratégias mais sofisticadas se desejar.

O mais importante para quem está começando é dar o primeiro passo e iniciar a jornada de investimentos. Os ETFs tornam esse primeiro passo muito mais acessível e menos intimidador, permitindo que você comece a construir patrimônio enquanto ainda está aprendendo sobre o mercado.

Lembre-se que consistência e disciplina são mais importantes que escolher o "ETF perfeito". Uma estratégia simples e bem executada, mantida ao longo de anos, tem muito mais chances de sucesso que tentativas de sofisticar demais seus investimentos como iniciante.

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