ETFs internacionais: como funcionam e por que investir
Saiba como funcionam os ETFs internacionais e por que são uma excelente forma de diversificar sua carteira com praticidade. Aprenda mais com a NoobMoney!!!!
INVESTIMENTOS
Paulo Ferreira
4/15/20258 min read


ETFs internacionais: como funcionam e por que investir
Se você já começou sua jornada de investimentos, provavelmente já ouviu falar sobre ETFs. Esses fundos negociados em bolsa têm ganhado cada vez mais popularidade entre investidores brasileiros que desejam expandir seus horizontes financeiros. Mas quando falamos em ETFs internacionais, muitas dúvidas surgem: como funcionam? Vale a pena investir? Como posso acessá-los sendo brasileiro? Neste artigo, vamos desvendar tudo o que você precisa saber sobre esse veículo de investimento que pode transformar sua estratégia de diversificação global.
O que são ETFs internacionais?
ETFs internacionais são fundos de índice negociados em bolsa que replicam o desempenho de índices, setores ou mercados estrangeiros. Em português, ETF significa "Exchange Traded Fund" (Fundo Negociado em Bolsa), e diferentemente dos fundos tradicionais, podem ser comprados e vendidos durante todo o pregão, como se fossem ações.
Imagine poder comprar, com uma única aplicação, centenas ou até milhares de empresas internacionais, sem precisar selecionar cada ativo individualmente. É exatamente isso que um ETF internacional proporciona: acesso simplificado aos maiores mercados e empresas do mundo.
Os ETFs internacionais funcionam de forma semelhante a uma cesta de compras. Ao investir em um único produto, você está adquirindo participação em várias empresas simultaneamente. Por exemplo, ao comprar um ETF que replica o S&P 500, você está investindo nas 500 maiores empresas americanas com uma única operação.
Uma característica importante desses fundos é sua gestão passiva, que busca simplesmente acompanhar a performance de um índice de referência, ao invés de tentar superá-lo. Isso resulta em taxas de administração geralmente mais baixas do que fundos de gestão ativa.
Diferença entre ETFs nacionais e internacionais
Para entendermos melhor os ETFs internacionais, é importante compará-los com suas versões nacionais. Embora o mecanismo de funcionamento seja basicamente o mesmo, existem algumas diferenças fundamentais:
Diversidade de mercados e setores
ETFs nacionais geralmente se limitam a replicar índices ou setores brasileiros, como o Ibovespa. Já os internacionais dão acesso a mercados muito mais amplos, como Estados Unidos, Europa, Ásia e mercados emergentes, que possuem setores pouco representados no Brasil, como tecnologia avançada, biotecnologia e energia limpa.
Moeda e exposição cambial
Ao investir em ETFs internacionais, você automaticamente se expõe à variação cambial. Isso significa que, além do rendimento próprio do ETF, seu investimento será impactado pela valorização ou desvalorização do real frente à moeda estrangeira (geralmente o dólar). Esta característica pode funcionar como proteção (hedge) contra crises econômicas locais.
Regulamentação e tributação
ETFs nacionais estão sujeitos à regulamentação brasileira e possuem regras tributárias específicas. Já os internacionais seguem as regras dos países onde são negociados e, para investidores brasileiros, têm tributação de renda variável (15% sobre o ganho de capital) quando vendidos.
Liquidez e volume de negociação
ETFs internacionais, especialmente os mais populares nos EUA, costumam ter volumes de negociação muito superiores aos nacionais, o que significa maior liquidez e spreads (diferença entre preço de compra e venda) menores.
Vantagens e desvantagens desses ativos
Como todo investimento, ETFs internacionais possuem seus prós e contras que devem ser analisados cuidadosamente antes de incorporá-los à sua carteira.
Vantagens:
Diversificação geográfica: Talvez a principal vantagem seja proteger seu patrimônio da concentração no mercado brasileiro, que representa menos de 1% do mercado global.
Acesso a setores ausentes ou sub-representados no Brasil: Tecnologia, biotecnologia, semicondutores e outros setores inovadores são muito mais desenvolvidos em mercados como EUA e Ásia.
Baixo custo de entrada: Com alguns ETFs, você pode começar a investir com valores relativamente baixos, especialmente ao utilizar BDRs de ETFs.
Facilidade operacional: Uma única compra proporciona exposição a dezenas ou centenas de empresas, eliminando a necessidade de selecionar ações individualmente.
Proteção cambial: Diversificar em moeda forte (como dólar ou euro) ajuda a proteger seu patrimônio contra desvalorizações do real.
Taxas de administração competitivas: Especialmente os ETFs passivos americanos possuem taxas extremamente baixas (muitas vezes abaixo de 0,1% ao ano).
Desvantagens:
Risco cambial: A mesma exposição à moeda estrangeira que pode proteger seu patrimônio também pode reduzir seus retornos caso o real se valorize frente à moeda do ETF.
Custos adicionais: Dependendo da forma como você acessa os ETFs internacionais, pode haver custos de câmbio, custódia e corretagem internacional.
Complexidade tributária: Investimentos no exterior exigem declaração específica no Imposto de Renda, o que pode ser um desafio para investidores inexperientes.
Menor conhecimento do mercado: Investir em empresas e setores estrangeiros pode exigir mais estudo e familiarização com outros mercados.
Horários de negociação diferentes: Para quem investe diretamente nas bolsas estrangeiras, é preciso adaptar-se aos horários de pregão locais.
Exemplos de ETFs populares no exterior
O universo de ETFs internacionais é vastíssimo, com milhares de opções disponíveis. Vamos conhecer alguns dos mais populares e que costumam fazer parte das carteiras de investidores que buscam exposição global:
ETFs de índices amplos dos EUA:
SPY (SPDR S&P 500 ETF Trust): O mais antigo e líquido ETF do mundo, replica o índice S&P 500, composto pelas 500 maiores empresas americanas.
VOO (Vanguard S&P 500 ETF): Outro ETF que replica o S&P 500, com uma das menores taxas de administração do mercado (0,03% ao ano).
QQQ (Invesco QQQ Trust): Replica o índice Nasdaq-100, concentrado em empresas de tecnologia e inovação.
VTI (Vanguard Total Stock Market ETF): Oferece exposição a praticamente todo o mercado acionário americano, incluindo small caps.
ETFs internacionais globais:
VEA (Vanguard FTSE Developed Markets ETF): Foco em mercados desenvolvidos, excluindo EUA.
VWO (Vanguard FTSE Emerging Markets ETF): Concentra-se em mercados emergentes como China, Índia e Brasil.
VXUS (Vanguard Total International Stock ETF): Inclui empresas de todo o mundo, exceto EUA.
ETFs setoriais:
XLK (Technology Select Sector SPDR Fund): Foco no setor de tecnologia americano.
VGT (Vanguard Information Technology ETF): Outra opção para exposição ao setor de tecnologia.
IBB (iShares Nasdaq Biotechnology ETF): Concentrado em empresas de biotecnologia.
ICLN (iShares Global Clean Energy ETF): Foco em empresas de energia limpa ao redor do mundo.
ETFs temáticos:
ARKK (ARK Innovation ETF): Foco em empresas disruptivas e inovadoras.
ROBO (Global X Robotics & Artificial Intelligence ETF): Investimento em robótica e inteligência artificial.
ESPO (VanEck Video Gaming and eSports ETF): Voltado para o mercado de games e e-sports.
Como investir em ETFs estrangeiros pela B3
Se você quer começar a investir em ETFs internacionais sem abrir conta no exterior, existem algumas alternativas disponíveis diretamente na bolsa brasileira:
BDRs de ETFs
BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são certificados que representam ações ou ETFs estrangeiros negociados na B3. Desde 2020, a CVM autorizou os BDRs de ETFs, tornando-os acessíveis a investidores em geral. Alguns exemplos populares são:
SPXI11: BDR do SPDR S&P 500 ETF Trust (SPY)
IVVB11: BDR do iShares Core S&P 500 ETF (IVV)
NASD11: BDR do Invesco QQQ Trust (QQQ)
As vantagens dos BDRs incluem:
Negociação em reais
Não há necessidade de abrir conta no exterior
Mesmo tratamento tributário das ações brasileiras (15% sobre ganho de capital)
Valores mínimos de investimento mais acessíveis
Contudo, é importante notar que BDRs de ETFs costumam ter custos adicionais em relação ao ETF original, devido à estrutura necessária para mantê-los listados no Brasil.
ETFs brasileiros com exposição internacional
Outra opção são ETFs listados na B3 que investem em ativos internacionais. Alguns exemplos:
IVVB11: BDR do iShares Core S&P 500 ETF
SPXI11: BDR do SPDR S&P 500 ETF Trust
EURP11: BDR do iShares Europe ETF
Estes fundos permitem investir em reais, mas você continua exposto à variação cambial, já que os ativos subjacentes são cotados em moeda estrangeira.
Via corretoras brasileiras com atuação internacional
Algumas corretoras brasileiras oferecem acesso direto a bolsas internacionais, como:
Avenue Securities
Passfolio
TD Ameritrade (Charles Schwab)
Interactive Brokers
Através dessas plataformas, você pode comprar ETFs internacionais diretamente nas bolsas onde são negociados originalmente, como NYSE e Nasdaq. Isso geralmente proporciona acesso a uma maior variedade de ETFs e, muitas vezes, com custos menores de administração.
Tributação e cuidados importantes
Ao investir em ETFs internacionais, é fundamental entender as implicações tributárias e outros cuidados essenciais:
Tributação para diferentes formas de acesso
Para BDRs de ETFs:
Alíquota de 15% sobre o ganho de capital na venda
Isenção para vendas até R$ 20.000 por mês (como as ações brasileiras)
Não há tributação sobre dividendos recebidos
Para ETFs comprados diretamente no exterior:
Alíquota de 15% sobre o ganho de capital na venda
Tributação de 0% a 15% sobre dividendos na fonte (dependendo do país)
Obrigatoriedade de declarar anualmente bens no exterior superiores a US$ 100.000
Necessidade de preencher a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE) se o valor dos investimentos superar US$ 1 milhão
Carnê-leão e declaração anual
Para investimentos diretos no exterior, o investidor deve recolher o imposto mensalmente via carnê-leão se houver ganho de capital na venda de ETFs. Além disso, é necessário declarar todos os investimentos internacionais no Imposto de Renda anual, incluindo saldo em 31/12 e movimentações realizadas durante o ano.
Cuidados com a escolha do ETF
Nem todos os ETFs são iguais. Ao selecionar um ETF internacional, considere:
Taxa de administração (expense ratio): Quanto menor, melhor para seu rendimento de longo prazo. ETFs populares nos EUA têm taxas extremamente competitivas.
Volume de negociação e liquidez: ETFs com maior volume tendem a ter spreads menores e facilidade de compra/venda.
Tracking error: Verifique se o ETF realmente consegue acompanhar fielmente seu índice de referência.
Método de replicação: Alguns ETFs compram todos os ativos do índice (replicação física), enquanto outros usam derivativos (replicação sintética). A segunda opção pode adicionar riscos.
Distribuição ou acumulação de dividendos: Alguns ETFs distribuem os dividendos aos cotistas, enquanto outros os reinvestem automaticamente.
Riscos específicos
Risco cambial: A variação do real frente à moeda do ETF pode impactar significativamente seu retorno.
Risco geopolítico: Investir em certos países ou regiões pode expor seu capital a riscos políticos e regulatórios específicos.
Risco de liquidez: Alguns ETFs menos populares podem ter baixa liquidez, dificultando a venda em momentos de crise.
Risco de estrutura: ETFs mais complexos, como os alavancados ou inversos, podem não se comportar como esperado no longo prazo.
Construindo uma estratégia com ETFs globais
Para incorporar ETFs internacionais em sua carteira de forma estratégica, considere:
Definição da alocação global
Determine quanto do seu patrimônio deseja alocar internacionalmente. Muitos especialistas recomendam entre 20% e 40% para investidores brasileiros, mas isso varia conforme seus objetivos e tolerância a risco.
Escolha da estratégia de divisão geográfica
Você pode optar por:
Concentrar nos EUA (maior mercado global)
Dividir entre mercados desenvolvidos e emergentes
Incluir exposição específica a regiões como Europa e Ásia
Balanceamento com investimentos locais
ETFs internacionais devem complementar, não substituir completamente, seus investimentos no Brasil. Manter uma parte em ativos locais ajuda a reduzir o impacto cambial em seus gastos cotidianos.
Reavaliação periódica
A cada 6 ou 12 meses, reavalie se a distribuição entre mercados ainda está alinhada com seus objetivos e rebalanceie se necessário.
Conclusão
Investir em ETFs internacionais pode ser uma excelente estratégia para diversificar geograficamente sua carteira, ganhar exposição a setores inovadores e proteger seu patrimônio contra riscos específicos do mercado brasileiro. Com opções tanto pela B3 quanto por corretoras internacionais, o acesso a esses instrumentos está cada vez mais democrático para investidores brasileiros.
Lembre-se que, como qualquer investimento, é importante fazer sua pesquisa, entender os custos envolvidos e, principalmente, ter clareza sobre como esses ativos se encaixam em sua estratégia financeira de longo prazo. Diversificação internacional não é um objetivo em si, mas um meio para construir um patrimônio mais resiliente e preparado para diferentes cenários econômicos.
Se você está começando sua jornada nos investimentos, vale a pena conferir nosso artigo sobre Começando a investir: quando e como crescer seu dinheiro após a Reserva 6x. E para aprofundar seus conhecimentos sobre diversificação, não deixe de ler Como construir uma carteira de investimentos diversificada.
Investir globalmente pode parecer complexo no início, mas com o conhecimento certo e uma estratégia bem definida, você estará no caminho para uma carteira verdadeiramente internacional.