Como investir com pouco dinheiro em ativos internacionais
Saiba como investir com pouco dinheiro em ativos internacionais e acessar o mercado global de forma prática. Aprenda mais com a NoobMoney vamos juntos nessa!
INVESTIMENTOSEDUCAÇÃO FINANCEIRA
Paulo Ferreira
4/15/20259 min ler


Escreva aqui oComo investir com pouco dinheiro em ativos internacionais
Você já se pegou pensando que investir no exterior é algo apenas para quem tem milhares de reais sobrando? Ou talvez acredite que precisaria de uma pequena fortuna para começar a diversificar seus investimentos globalmente? Se você pensa assim, tenho boas notícias: esse mito está longe da realidade atual.
O mercado financeiro passou por uma verdadeira revolução nas últimas décadas, com a queda de barreiras para pequenos investidores e a democratização do acesso aos ativos internacionais. Hoje, mesmo com quantias modestas – estamos falando de valores a partir de R$ 50 em alguns casos – é possível começar a construir uma carteira global diversificada.
Neste artigo, vamos desmistificar a ideia de que investir internacionalmente é privilégio de poucos e mostrar caminhos práticos para quem quer começar com pouco dinheiro. Vamos lá?
É possível começar com pouco? Sim!
Muitos brasileiros ainda acreditam que para investir no exterior precisam ter, no mínimo, alguns milhares de dólares. Esse pensamento fazia sentido há alguns anos, quando as corretoras internacionais exigiam depósitos mínimos elevados e as taxas de transferência comiam boa parte do capital de quem enviava pequenas quantias.
Mas os tempos mudaram – e muito. Hoje, graças a:
Plataformas digitais que reduziram drasticamente seus custos operacionais
Fracionamento de ações que permite comprar parte de uma ação
ETFs (fundos negociados em bolsa) com foco em pequenos investidores
BDRs (Brazilian Depositary Receipts) negociados na B3
Contas internacionais com custos reduzidos ou zero
É perfeitamente possível iniciar seus investimentos internacionais com valores modestos, como R$ 100 ou até menos em alguns casos.
Entendendo o poder dos aportes regulares
Mais importante que o valor inicial é a consistência dos aportes. Aqui entra um conceito fundamental para quem começa com pouco: o "dollar-cost averaging" (média de preço em dólar).
Em vez de esperar juntar uma grande quantia, investir valores menores regularmente traz duas grandes vantagens:
Disciplina financeira: Cria o hábito de investir, fundamental para o sucesso no longo prazo
Diluição do risco de timing: Ao investir regularmente, você compra tanto em momentos de alta quanto de baixa do mercado, obtendo um preço médio mais equilibrado
Vamos a um exemplo simples: imagine que você consiga separar R$ 200 mensais para investimentos internacionais. Em um ano, isso representa R$ 2.400 – uma quantia que, se investida com sabedoria em ativos globais, pode ser o começo de um patrimônio internacional significativo ao longo dos anos.
O fator psicológico de começar pequeno
Começar com valores menores também traz uma vantagem psicológica importante: permite que você se familiarize com os mecanismos do mercado internacional sem o estresse de ter grandes somas em risco.
Você poderá aprender sobre flutuações cambiais, acompanhar empresas estrangeiras, entender como funcionam os dividendos internacionais e dominar as ferramentas de investimento global – tudo isso com um risco financeiro limitado.
Agora, vamos conhecer as principais opções disponíveis para quem quer começar com pouco dinheiro.
BDRs, ETFs e corretoras com baixo valor mínimo
Existem diversos caminhos para acessar o mercado internacional com pouco dinheiro. Vamos explorar as principais opções, com suas vantagens e limitações:
BDRs: o jeito brasileiro de investir lá fora
Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são certificados que representam ações de empresas estrangeiras, mas são negociados aqui na B3, nossa bolsa de valores. Em 2020, a CVM liberou o acesso a BDRs para investidores de varejo (antes, eram restritos a investidores qualificados), abrindo uma porta importante para a diversificação internacional.
Vantagens dos BDRs:
Investimento em reais: Você investe em reais, direto pela sua corretora brasileira
Custos reduzidos: Sem despesas de remessa internacional ou abertura de conta no exterior
Processo simplificado: Mesma dinâmica de comprar ações brasileiras
Acessibilidade: Muitos BDRs podem ser comprados por valores baixos, alguns a partir de R$ 10
Diversidade: Acesso a empresas como Apple, Amazon, Microsoft, Tesla e centenas de outras
Limitações:
Menor liquidez: Volume de negociações menor que no mercado original
Câmbio embutido: Você está sujeito às variações do real frente ao dólar
Tributação: Tratamento fiscal diferente das ações brasileiras (alíquota fixa de 15% sobre ganho de capital)
Oferta limitada: Nem todas as empresas estrangeiras possuem BDRs
Exemplos de BDRs de baixo valor:
AAPL34 (Apple): A partir de R$ 70-80 por BDR (valores aproximados)
GOGL34 (Google/Alphabet): A partir de R$ 70-90
MSFT34 (Microsoft): A partir de R$ 60-70
AMZO34 (Amazon): A partir de R$ 90-100
ETFs brasileiros com exposição internacional
Outra opção acessível são os ETFs (Exchange Traded Funds) listados na B3 que investem em ativos internacionais.
Exemplos de ETFs com exposição internacional:
IVVB11: Replica o índice S&P 500, que reúne as 500 maiores empresas dos EUA
SPXI11: Também segue o S&P 500, com proteção cambial
DIVO11: Foco em empresas americanas pagadoras de dividendos
EURB11: Exposição às principais empresas europeias
XINA11: Investimento em empresas chinesas
O valor mínimo para investir nesses ETFs varia conforme a cotação, mas geralmente é possível começar com valores entre R$ 80 e R$ 200.
Corretoras brasileiras com acesso a ativos internacionais
Algumas corretoras brasileiras já oferecem acesso direto a ações e ETFs internacionais, com a comodidade de usar uma plataforma em português e fazer depósitos em reais.
Vantagens:
Facilidade operacional: Interface em português e suporte local
Conversão automática: A própria corretora converte seus reais em dólares
Valores mínimos baixos: Algumas permitem começar com R$ 100 ou menos
Fracionamento: Possibilidade de comprar frações de ações internacionais
Limitações:
Custos de câmbio: O spread cambial pode ser maior que em outras alternativas
Oferta limitada: Menos opções de ativos comparado a corretoras estrangeiras
Taxas: Algumas cobram taxas de manutenção ou custódia
Corretoras internacionais com baixo valor mínimo
Hoje existem diversas corretoras internacionais que aceitam brasileiros e permitem começar com valores baixos:
Exemplos de corretoras com valores mínimos acessíveis:
Passfolio: Permite iniciar com US$ 1 e oferece fracionamento de ações
Avenue: Investimentos a partir de US$ 10, com interface em português
TD Ameritrade: Sem valor mínimo e zero comissão para ações e ETFs
Interactive Brokers: Uma das mais completas, com mínimo de US$ 1 para conta Cash
Stake: Foco no mercado americano, com interface simplificada
Como funcionam: Você precisará abrir uma conta (processo totalmente online), enviar documentos para verificação e fazer uma remessa internacional. Algumas oferecem contas em dólar integradas, facilitando o processo.
Aplicativos de investimento fracionado
Uma tendência recente são os aplicativos que permitem investir em frações de ações internacionais:
Stake: Permite comprar frações de ações americanas
Freetrade (disponível em alguns países): Investimentos a partir de £1
Revolut: Oferece fracionamento de algumas ações populares
Esses aplicativos são especialmente interessantes para quem quer investir em empresas cujas ações têm valor unitário elevado, como Amazon ou Alphabet (Google), que podem custar mais de US$ 1.000 por ação.
Estratégias para pequenos aportes no exterior
Agora que você conhece os caminhos disponíveis, vamos às estratégias para maximizar seus pequenos investimentos internacionais:
1. Defina um valor mensal realista
O segredo não está em quanto você começa, mas na regularidade dos aportes. Defina um valor que não comprometa seu orçamento e que você possa manter consistentemente.
Pode ser R$ 50, R$ 100 ou R$ 200 por mês – o importante é que seja um valor que você consiga aportar sem falhas durante muitos meses consecutivos.
2. Minimize custos de transação
Para pequenos valores, os custos de transação podem "comer" uma parte significativa do seu investimento. Algumas dicas para minimizá-los:
Agrupe aportes: Se os custos fixos são significativos, talvez seja melhor fazer aportes trimestrais em vez de mensais
Compare spreads cambiais: Em remessas internacionais, o spread pode variar bastante entre provedores
Evite taxas recorrentes: Dê preferência a plataformas sem taxas de manutenção ou custódia
Atente-se às taxas de saque: Para quando eventualmente quiser resgatar seu dinheiro
3. Comece pelo básico: ETFs globais
Para quem está começando com valores pequenos, ETFs amplos são excelentes opções por dois motivos principais:
Diversificação instantânea: Com um único investimento, você acessa centenas ou milhares de empresas
Custos reduzidos: Taxas de administração geralmente baixas
Alguns ETFs recomendados para iniciantes:
VT ou VWRA: Exposição ao mercado global de ações
VOO ou IVV: Replicam o índice S&P 500 (grandes empresas americanas)
VGT: Foco em empresas de tecnologia dos EUA
VXUS: Mercados desenvolvidos e emergentes fora dos EUA
4. Plano de acumulação progressiva
Uma estratégia interessante é começar com veículos mais simples e acessíveis, evoluindo conforme seu patrimônio cresce:
Fase 1 (R$ 0 a R$ 5.000):
BDRs de empresas conhecidas ou ETFs na B3
Foco em aprendizado e criação do hábito de investir
Fase 2 (R$ 5.000 a R$ 20.000):
Abertura de conta em corretora internacional
Primeiros ETFs globais para diversificação
Fase 3 (Acima de R$ 20.000):
Diversificação entre diferentes classes de ativos globais
Inclusão de ações individuais de empresas que você conhece e acompanha
Exposição a diferentes regiões geográficas e setores
5. Aproveite a reinvestimento automático
Algumas plataformas permitem o reinvestimento automático de dividendos, uma funcionalidade valiosa para pequenos investidores. Isso permite que seus rendimentos sejam automaticamente aplicados na compra de mais ativos, potencializando o efeito dos juros compostos.
6. Utilize contas sem taxas de manutenção
Para pequenos valores, taxas fixas mensais podem comprometer significativamente a rentabilidade. Prefira plataformas que não cobram taxas de manutenção ou custódia, especialmente enquanto seu patrimônio ainda é pequeno.
Dicas para manter consistência nos investimentos
Iniciar é importante, mas manter a consistência é o que realmente fará diferença no longo prazo. Algumas dicas para ajudá-lo nesse caminho:
Automatize seus investimentos
Configure transferências automáticas para sua conta de investimentos. Idealmente, programe para que o dinheiro saia da sua conta logo após o recebimento do salário, antes que você tenha a chance de gastá-lo.
Acompanhe sem obsessão
É importante acompanhar seus investimentos, mas evite a checagem compulsiva. Para investimentos de longo prazo, uma revisão mensal ou até trimestral é suficiente.
O excesso de informações pode levar a decisões emocionais, especialmente para iniciantes. Lembre-se: investimento internacional é uma estratégia de longo prazo.
Celebre pequenas conquistas
Estabeleça marcos para celebrar: seu primeiro US$ 100 investidos, primeiro US$ 1.000, primeiro dividendo recebido... Essas pequenas vitórias ajudam a manter a motivação.
Eduque-se continuamente
Dedique tempo para aprender sobre investimentos internacionais. Existem excelentes recursos gratuitos:
Canais no YouTube especializados em investimentos
Podcasts sobre finanças e investimentos
Grupos de discussão em redes sociais
Blogs e sites especializados
O conhecimento aumentará sua confiança e ajudará a tomar decisões mais fundamentadas.
Pratique a paciência
Investir internacionalmente com pequenos valores exige paciência. Os resultados significativos virão com o tempo, através do poder dos juros compostos e da consistência dos aportes.
Lembre-se de que mesmo grandes fortunas começaram com pequenos passos. O importante é começar e persistir.
Riscos e cuidados para iniciantes
Investir no exterior traz oportunidades, mas também riscos específicos que devem ser considerados, especialmente por quem está começando:
Risco cambial
Ao investir em moeda estrangeira, você está exposto às flutuações do câmbio. Uma valorização do real frente ao dólar, por exemplo, pode reduzir seus ganhos quando convertidos de volta para a moeda nacional.
Como mitigar:
Diversifique entre diferentes moedas
Encare o investimento internacional como estratégia de longo prazo
Considere ETFs com hedge cambial para parte da carteira
Riscos geopolíticos
Diferentes países têm diferentes riscos políticos, regulatórios e econômicos.
Como mitigar:
Comece por mercados mais estáveis e bem regulados
Diversifique entre diferentes países e regiões
Estude o contexto dos países onde está investindo
Riscos tributários
A tributação de investimentos internacionais pode ser complexa, e mudanças na legislação podem impactar seus rendimentos.
Como mitigar:
Mantenha-se informado sobre as regras tributárias
Considere usar ferramentas ou serviços para auxiliar na declaração
Guarde documentos e comprovantes de todas as operações
Cuidados com fraudes
Infelizmente, com o crescimento do interesse por investimentos internacionais, também aumentaram as tentativas de fraude.
Como se proteger:
Verifique se a corretora ou plataforma é regulamentada
Desconfie de promessas de retornos extraordinários
Nunca compartilhe senhas ou dados de acesso
Utilize autenticação em dois fatores sempre que disponível
A tentação da especulação
Iniciantes muitas vezes são atraídos para ativos de alto risco ou tentam "cronometrar o mercado" (market timing).
Como evitar:
Comece com estratégias mais conservadoras e simples
Evite operações de day trade até ter experiência
Resista à tentação de seguir "dicas quentes" ou modismos
Como declarar investimentos internacionais
Um aspecto importante que muitos iniciantes negligenciam é a necessidade de declarar corretamente seus investimentos no exterior:
Obrigatoriedade
Todos os ativos mantidos no exterior com valor igual ou superior a US$ 1.000 devem ser declarados anualmente no Imposto de Renda, na ficha "Bens e Direitos", usando o código específico para cada tipo de investimento.
Declaração de ganhos
Ganhos na venda de ativos internacionais são tributados à alíquota de 15% sobre o lucro, quando o total de vendas no mês exceder R$ 35.000.
Dividendos recebidos
Dividendos de empresas estrangeiras são tributados no momento do recebimento, também à alíquota de 15%. O imposto deve ser pago via DARF até o último dia útil do mês seguinte ao recebimento.
Simplicidade com BDRs
Uma vantagem dos BDRs é a simplicidade tributária: como são negociados no Brasil, seguem regras semelhantes às das ações brasileiras, com a diferença que a alíquota é fixa em 15%.
Conclusão: comece pequeno, pense grande
Investir internacionalmente não é mais privilégio de poucos. Com as ferramentas e estratégias certas, é possível começar com valores modestos e construir gradualmente uma carteira global diversificada.
O segredo está em:
Começar, mesmo que com valores pequenos
Manter a consistência nos aportes
Minimizar custos e maximizar a diversificação
Educar-se continuamente
Pensar no longo prazo
Lembre-se: grandes jornadas começam com pequenos passos. O importante é dar o primeiro passo e seguir caminhando com disciplina e estratégia.
Sua carteira internacional não será construída da noite para o dia, mas com paciência e persistência, mesmo pequenos valores mensais podem se transformar em um patrimônio global significativo ao longo dos anos.
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